Dúvidas persistentes sobre o relacionamento



Há várias razões pelas quais pessoas têm dúvidas em seus relacionamentos. Pessoas propensas à ansiedade, por exemplo, talvez tenham dúvidas porque tendem a preocupar-se com aqueles aspectos aos quais dão maior valor (como a importância de fazer uma escolha sábia quanto a um companheiro para a vida). Dúvidas também podem surgir de questões físicas, como perda de sono ou certas medicações prescritas (ou também da indigestão resultante da pizza de atum com cebola ingerida no jantar da noite anterior). A dúvida pode ser um dos instrumentos pelos quais Satanás pode lhe importunar, distrair ou enganar. Ou pode ser que o detector de fumaça que Deus instalou em você (sua consciência) esteja lhe alertando quanto a um sério problema que precisa ser tratado à luz das Escrituras. A Bíblia ensina que como um seguidor de Jesus você não deve seguir em frente até que esteja confiante de que o que irá fazer não é pecado. Jay E. Adams refere-se a isso como o Princípio da Espera[1]. Ele é baseado em Rm 14 - especialmente os versos 5 e 23.
Cada um tenha uma opinião bem definida em sua própria mente. (Rm 14.5)
Mas aquele que tem dúvidas é condenado se comer, porque o que faz não provém de fé; e tudo o que não provém de fé é pecado. (Rm 14.23)
O contexto desta ordenança aborda dois tipos de cristãos. Veja se consegue identificá-los.
Acolhei ao que é débil na fé, não, porém, para discutir opiniões. Um crê que de tudo pode comer, mas o débil come legumes; quem come não despreze o que não come; e o que não come não julgue o que come, porque Deus o acolheu. Quem és tu que julgas o servo alheio? Para o seu próprio senhor está em pé ou cai; mas estará em pé, porque o Senhor é poderoso para o suster. Um faz diferença entre dia e dia; outro julga iguais todos os dias. Cada um tenha opinião bem definida em sua própria mente. Quem distingue entre dia e dia para o Senhor o faz; e quem come para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e quem não come para o Senhor não come e dá graças a Deus. Porque nenhum de nós vive para si mesmo, nem morre para si. Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor. Foi precisamente para esse fim que Cristo morreu e ressurgiu: para ser Senhor tanto de mortos como de vivos. Tu, porém, por que julgas teu irmão? E tu, por que desprezas o teu? Pois todos compareceremos perante o tribunal de Deus. Como está escrito: ‘Por minha vida, diz o Senhor, diante de mim se dobrará todo joelho, e toda língua dará louvores a Deus. ’ Assim, pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus. Não nos julguemos mais uns aos outros; pelo contrário, tomai o propósito de não pordes tropeço ou escândalo ao vosso irmão. Eu sei e estou persuadido, no Senhor Jesus, de que nenhuma coisa é de si mesma impura, salvo para aquele que assim a considera; para esse é impura. Se, por causa de comida, o teu irmão se entristece, já não andas segundo o amor fraternal. Por causa da tua comida, não faças perecer aquele a favor de quem Cristo morreu. Não seja, pois, vituperado o vosso bem. Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo. Aquele que deste modo serve a Cristo é agradável a Deus e aprovado pelos homens. Assim, pois, seguimos as coisas da paz e também as da edificação de uns para com os outros. Não destruas a obra de Deus por causa da comida. Todas as coisas, na verdade, são limpas, mas é mau para o homem o comer com escândalo. É bom não comer carne, nem beber vinho, nem fazer qualquer outra coisa com que teu irmão venha a tropeçar [ou se ofender ou se enfraquecer], A fé que tens, tem-na para ti mesmo perante Deus. Bem-aventurado é aquele que não se condena naquilo que aprova. Mas aquele que tem dúvidas é condenado se comer, porque o que faz não provém de fé; e tudo o que não provém de fé é pecado. (Rm 14.1-23).
Você foi capaz de identificá-los? Primeiro, há o cristão que é “débil na fé” (Rm 14.1 - nós nos referimos, às vezes, a esta pessoa como “o irmão mais fraco”). Esta é a pessoa cuja consciência é fraca[2]. Isto é, sua consciência ainda não foi programada biblicamente, e como resultado, ele hesita sobre coisas que um cristão mais maduro, cuja consciência foi devidamente desenvolvida (aquele que, em linguagem bíblica, “pela prática, têm as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal”[3]), não hesita. O outro tipo de cristão abordado nesta passagem é aquele que “crê” (Rm 14.2). Paulo posteriormente refere-se a este tipo de pessoa (e isto é o que devemos almejar ser) como “forte” (Rm 15.1).
Paulo, então, oferece instruções específicas a cada um: o irmão mais fraco não deve julgar o mais forte, e o mais forte não deve desprezar o irmão mais fraco. Em outras palavras, a pessoa com dúvidas não deve dizer (nem ao menos pensar): “Como pode ele fazer tal coisa? Ele não se preocupa com o que o Senhor pensa? ”. E o irmão mais forte (que deve evitar desprezar seu irmão) não deve pensar sobre seu irmão mais fraco: “Por que ele não cresce? Odeio ter que limitar minha liberdade em Cristo quando estou perto dele para não ofendê-lo em sua hesitação não bíblica! ”[4].
A questão da dúvida, entretanto, está implícita no verso cinco: “Cada um tenha uma opinião bem definida em sua mente. ” Isto significa ser persuadido, estar certo, ter certeza, não ser restringido pela dúvida[5].
Ao final do capítulo, depois de dizer “bem-aventurado é aquele que não se condena (não se julga) naquilo que aprova”, Paulo diz algo mais sobre a dúvida. Ele diz, em essência, “Se você come algo que acredita não deve comer (de fato, se você acha que isto pode ser um pecado), antes de estar certo que isto não é um pecado (se você faz isso pensando que pode ser um pecado antes que esteja certo ou tenha bem definido que não é), então isto é! ” Por isso o Princípio da Espera: Não faça nada até que você esteja confiante de que o que você irá fazer não é pecado.
Mas aquele que tem dúvidas é condenado se comer, porque o que faz [o comer] não provém de fé; e tudo o que não provém de fé é pecado. (Rm 14.23)
Se você não pode proceder naquilo que deseja fazer sem ter a fé (a certeza biblicamente baseada) de que pode fazê-lo para a glória de Deus, é melhor esperar até que a sua consciência esteja informada pela Palavra de Deus. Este processo pode levar um curto período de tempo enquanto você pondera a partir dos textos bíblicos já estudados, ou pode levar dias, ou mesmo semanas, de estudo bíblico. Agir de outro modo é pecar. E pode ser que, como resultado do seu estudo, você aprenda que proceder naquilo seria um pecado porque a Bíblia de fato lhe proíbe de fazer aquilo que você queria (ou pensava em) fazer.
[...]
Se você tem dúvidas ou questões persistentes sobre se é sábio proceder com seus planos de casamento, deve lidar biblicamente com elas. Isto é, você deve levá-las à Escritura para determinar se elas são questões biblicamente válidas. Você pode precisar buscar conselho daqueles que estão mais familiarizados com a Bíblia do que você. Como conselheiro, tenho tido o privilégio de ajudar muitas pessoas, ao longo dos anos, a reprogramarem suas consciências biblicamente para que sejam capazes de casar com total certeza de que Deus agrada-se de sua união.




[1]  ADAMS, Jay, E., A Theology of Christian Counseling: More than Redemption, Zondervan, Grand Rapids, MI, 1979, pp. 31-34. (Em Português, ADAMS, Jay E., Teologia do Aconselhamento Cristão: Mais que redenção. Peregrino, Eusébio, CE, 2016).
[2] Cf. 1 Co 8.8-12.
[3] Hb 5.14.
[4] Eu escrevi mais sobre isto em Resolução de Conflitos: Uma Compreensão Bíblica e suas Implicações para a Dinâmica dos Relacionamentos, São Paulo: NUTRA Publicações, 2017.
[5]  ARNDT, William; GINGRICH, F. Wilbur; DANKER, Frederick W.; BAUER, Walter, A Greek-English Lexicon of the New Testament and Other Early Christian Literature: A Translation and Adaption of the Fourth Revised and Augmented Edition of Walter Bauer’s Griechisch-Deutsches Worterbuch Zu Den Schrift En Des Neuen Testaments Und Der Ubrigen Urchristlichen Literatur. Chicago: University of Chicago Press, 1996, cl979, S. 670.

Autor: Lou Priolo 
Fonte: PRIOLO, Lou Namoro: identificando sinais de perigo; [tradução Lindsei Ferreira Lansky]. - São Paulo: NUTRA Publicações, 2016, pp. 15-19
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