Ah o dia dos pais!
Esta data é pra mim um misto de emoções, visto que sou um pai sem um pai. Há 29 anos que o meu pai foi assassinado e subtamente retirado de nosso convívio. Eu que na época tinha 9 anos, tive que aprender a lidar com a falta e uma saudade desesperadora de meu pai. Pra mim era como se eu estivesse num angustiante pesadelo que insistia em não ter fim. Dormia na expectativa de ser acordado pelo afago de meu "velho", mas acordava com o bip agudo de um despertador. Por alguns anos busquei aplacar esta dor pela vingança e, por um período de tempo, armei emboscadas, que foram frustradas pela providencia de Deus, para matar o sujeito que havia produzido este mal sobre a nossa família. Também foi difícil passar pela adolescência sem os conselhos de um pai. Meus irmãos eram mais velhos e ja tinham as suas familias e as suas prioridades, eu não tinha tios e nem avôs por perto, e não me sentia à vontade de falar sobre alguns assuntos com a minha amada e dedicada mãe. Aprendi algumas coisas na raça, errando e acertando, caindo e levantando, batendo e apanhando, sorrindo e chorando, mas nunca lamentando e nem me vitimando, pois, não havia tempo pra isso, eu precisava seguir em frente. Mas, o tempo foi passando e as coisas foram tomando outras formas e sentido. Houve um dia em que alguém me disse que as respostas para os nossos dilemas e o balsamo para a nossa alma residiam em Deus que revelara todo seu amor, graça e misericórdia no seu filho Jesus Cristo. Disseram-me que este imenso amor preenchia as lacunas e os abismos da alma. Eu queria isso, eu precisava disso! Então, eu me rendi a este amor e experimentei a maravilhosa graça irresistível de Jesus. Sem dúvidas foi libertador o meu encontro com Jesus. O caminhar com Ele e o aprender dele me ajudaram a superar os traumas e a cicatrizar as inflamadas feridas de minh'alma. Hoje não me lembro de muitas coisas do meu pai, não lembro de sua voz nem do seu cheiro, mal me lembro de sua fisionomia sem ve-la por fotografias, minha memoria auditiva não guardou os registros de sua doce e firme voz. Entretanto, ainda há saudade e uma inquietação em saber como seria se ele estivesse aqui. No entanto, mesmo sendo assim, reconheço e me deleito na paternidade de meu Deus que jamais me abandonou e que sempre me consolou, que me ama e prova o seu amor pelo fato de ter Cristo morrido na cruz em meu lugar, mesmo eu sendo rebelde e insolente. Hoje, a minha alegria não habita somente nisso, senão, também, em que Deus me concedeu a preciosa dádiva de ser pai de três meninos maravilhosos. Quanto a estes, me lembro que quando eu me sentia solitário e desamparado pela falta de meu pai, eu acrisolei e decidi em meu coração que um dia eu seria pai e que os meus filhos teriam aquilo que me faltava, e que no que dependesse de mim jamais lhes faltariam o amor, um conselho, um abraço, um cheiro, uma repreensão, um insentivo e tudo o mais que eu pudesse dar. Empenho-me para que isso seja uma realidade na vida de meus meninos e, na dependência e pela graça de meu Deus e pai, creio eu, tenho logrado êxito neste compromisso. Portanto, feliz dia dos pais só tem sentido pra mim se for na perspectiva da experimentação da paternidade de Deus e na representação desta no nosso exercício e compromisso de ser pai. Que Deus me ajude!
Relato e percepções fidedignas de minha própria vida - Rev. José Góes Filho
Relato e percepções fidedignas de minha própria vida - Rev. José Góes Filho
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